She's lost control

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Lírios Vermelhos da Aranha






O perfume da morte
A beleza escaldante
A certeza do fim
de um passado excitante
O vermelho, o desafio
Minha vida por um fio
Seja meu manto, belo lírio
Espalhe seu perfume durante meu exílio.

Lírios da Noite




São 3 horas da madrugada, a porta está aberta. Ela atravessa seu caminho deixando o passado do outro lado. O silêncio diz muito, o vento parece travar uma batalha contra ela. O frio a tortura e ela sente seus próprios fios de cabelo se tornarem chicotes que corta e queimam sua face. Ela reluta contra sua própria fraqueza. Quer continuar. Gotas de sangue brotam de seu rosto. Não existe medo, naquele momento e só ela, a rua escura, a lua e o vento. Mais alguns passos e ela se depara com a flor que a levou para aquela loucura.

- Como é bela! - Ela diz entre suspiros.

Ela se ajoelha para contemplar a flor, um lírio específico. A mata se movimenta, parece ter vida própria e, por seu exotismo, intriga. Ela se sente obcecada por isso. Quer um pouco mais. O que ela não sabe é que, seguindo por este caminho, ou encontrará tudo ou não terá mais nada. O Lírio tenta impedir que ela prossiga.

- Eu já lhe mostrei o suficiente! Volte!

Mas ela parece fascinada com o que vê, continua seguindo em frente. Seduzida e tomada por todo aquele desejo ela se diz impressionada por toda aquela beleza.

- A beleza está no que você enxerga, está em seus olhos! - O Lírio tenta alertá-la.

- E o que vejo é lindo!

Ela já não se contém e o Lírio decide não mais intervir no destino dela. Deixa-a continuar. Ela adentra a mata seguindo as trilhas dos lírios. Novamente a mata em movimento, parece dançar para ela. Os lírios se sentem tão envaidecidos que acabam mostrando sua verdadeira face.

- São eles! - retruca o vento - São os fascinantes lírios da aranha vermelha. Estão te levando para um caminho sem volta!

A moça transfigura-se. Seu semblante, que antes demonstrava uma paz profunda, agora espelha a incerteza; a frustração; o terror e o caos presentes no seu interior. Mesmo assim ela prossegue e, ao fim da linha do horizonte a moça desaparece.

O vento volta a soprar forte, o Lírio volta a perfumar. Ambos agora contam a história do curioso caso da garota que entrou na mata para nunca mais voltar.

Presa à um pesadelo...

Minhas pernas estão inquietas, eu descobri que não mando inteiramente nelas. Estou andando de um lado pro outro, e sei que isso deve ser mais um transtorno da mente. O mundo às vezes parece pequeno e em outras horas se confunde com o universo, com suas chamas intergalácticas. Posso amanhecer triste e dormir alegre. Posso amanhecer eufórica e ver tudo perder o sentido do dia pra noite. Posso sentir tudo isso e não absorver nada disso ou posso tentar entender o que essas sensações estão querendo dizer. Eu sei que parecem vozes de um pesadelo onde estou presa e não posso sair. Posso tentar correr. Posso descobrir que a saída estava ao lado. É uma metamorfose de faces, de sentimentos. Chego ao meu ápice, alcanço o meu céu; depois desço tão depressa que o inferno não é o limite. Posso atingir alguém durante a queda. Posso guardar isso pra mim ou posso incomodar e me fazer ser ouvida. Posso deixar pra lá, tem coisas que não se pode mudar. No fim descubro que sou meu próprio pesadelo, que despertar de mim mesma seria dar fim nessas sensações. E isso eu só conseguiria com a morte, mas ela não faria sentido, pois, como posso aceitar passar por tudo isso e, no fim de tudo, quando tenho a chance de estar cercada por rosas, saber que não estarei ali de alma para poder sentir o cheiro delas?!